O Bordado da Vida
Virgínia
Leal Crisóstomo
Há muito, muito tempo atrás,
quando a voz não conhecia
palavras,
a vida era um imenso jardim.
Fácil era entender o bailado das
árvores,
o cheiro das flores
e a vibração das pedras.
Os raios de sol atravessavam as
árvores
e aqueciam o corpo.
Os pássaros traziam imagens de
lugares distantes.
O vento era uma canção ancestral
a lembrar quem somos.
Nesse tempo remoto,
quando só havia o agora,
a linguagem era do coração.
Éramos apenas um.
Um som na orquestra universal,
um gesto na dança dos elementos,
um olhar na construção das alegrias.
Não se sabe em que encruzilhada
nos afastamos desse lugar.
Sabe-se que a nostalgia criou o
passado
e congelado ficou no inverno da
alma.
Mas há aqueles que se demoram
ao sentir o cheiro de terra que a
chuva exala,
ao ouvir o trovão em noites
escuras,
ao contemplar a lua num céu de
estrelas.
Eles continuam a colher o fio de
voz
que irá tecer suas histórias,
pois sabem que somos todos um
ponto
arrematado no bordado da vida.
2 comentários:
Seu texto foi postado direto p meu coração!! Compartilho essa saudade da origem, a sensação de não pertencimento ao mundo comum, tenho essa nostalgia congelada no meu peito e no meu fizer! Lindo !! Valeu
obrigada, Márcia, é bom encontrar pessoas afins
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